domingo, 4 de setembro de 2022

PROTEÇÃO DO TERRITÓRIO E DO DIREITO À IDENTIDADE

 ENCONTRO DE FAMÍLIAS INDÍGENAS PANKARARU - AGROVILA 06, ICÓ MANDANTES


   Aconteceu no dia 27 de agosto de 202, na Agrovila 06 do projeto Icó Mandantes o encontro de famílias indígenas Pankararu com o tema: "Proteção do território e do direito à identidade" Um momento de diálogo com parentes indígenas das aldeia de origem.

   Como realização do Coletivo de Famílias Indígenas de Petrolândia (COFIPPE) e apoio do Coletivo de Indígenas Pankararu Aroeira, os Pankararu reuniram-se para discutir sobre identidade, território e cultura Pankararu. Viver em território indígena não demarcado hoje é viver em situação de insegurança, omissão do poder público, desrespeito à identidade indígena, preconceitos. A presença de famílias indígenas residindo na área de assentamentos rurais do Projeto Icó Mandantes é uma realidade de décadas. Demanda apoio das lideranças do território de origem  no fortalecimento do processo organizativo.  

   Participaram do encontro 60 indígenas, com presença de Pankararu, Pipipã e Kambiwá, .
Para apresentar reflexões sobre processo de resistência e proteção do território e identidade, Silvaneide e Oziane, lideranças da comunidade convidaram: Norberto Pankararu  (Nozinho) de Brejo dos Padres, Antônio Domingo, de Baixa do Lero, Terra indígena Entre Serras representante do cacique Marcelo Pankararu, Marizete Pankararu, moradora da Agrovila 06, Jucicleide Pankararu, Elizângela Cardoso e Codjo Sossa do Coletivo Aroeira para compor a mesa de abertura.
   A abertura do encontro contou com a apresentação das famílias e aldeia de origem, seguida pela apresentação da história da formação da agrovila e chegada de Pankararu na região. a história da comunidade contada por Marizete revela a luta pela vida, pelo trabalho, pela moradia. Como disse Marizete o assentamento surge no contexto das remoções compulsórias da construção da hidrelétrica de Itaparica: "Todo mundo sabe que a gente teve uma jornada muito grande e muito pesada!", várias manifestações, reuniões com Codevasf, Chesf". Designados para ficar numa região, mas não aceitos, reencaminhados para outra região, no caminho de Floresta. Se estabelecem onde é hoje é Agrovila 06 em 30 de novembro de 1987. "A gente chegou aqui, descampinado, não tinha nada, somente as casinhas". Passaram-se muitos anos para sair os lotes, o primeiro lote saiu em 1993. Maior parte veio da região de Barreiras, da Velha Petrolândia, já advindos da Terra Indígena e vivendo "no estábulo" em Barreira, na velha Petrolândia. Aconteceu muita dispersão e distância entre famílias. Hoje a família enfrenta problemas no sistema de abastecimento de água.

"Temos que reunir força para reivindicar nossos direitos"! com desgaste do solo e problemas de sistema de água, atingindo diretamente as condições de produção da vida.

Jucicleide Rodrigues, resistente no assentamento Moura destacou dificuldades na vida na região. A água, tanto no abastecimento para consumo como para produção nos lotes: problemas nas bombas, lotes sem condições, assentados sem assistência e vazamentos que geram desperdícios com desgastes do encanamento, além dos problemas de saneamento enfrentado pela comunidade. "Moramos perto da água e somos pobres de água!" Muitos dos familiares saem para trabalhar fora, porque há desgastes, não há encanações suficientes. Faltam espaços formativos para a juventude, para as mulheres. Há muita dificuldade para ingressar no ensino superior também.

Cordel de Silvaneide Pankararu

Chegou a hora de acordar

Para reforçar a luta pela identidade
Que é algo singular
Através do trabalho sério
Que demonstramos
Para nossa comunidade
e para nossos convidados
Expressar nossa cultura
Legado deixado pelos nossos anciãos
Somos Pankararu
Também somos agricultores
Moramos no projeto Icó Mandantes
ao qual a Chesf nos reassentou
Nunca desistimos das nossas origens
Não perdemos a nossa essência
Somos um fino grão de areia
Lutando por nossos direitos
reconhecimento e valor
Nós temos história
O Povo Pankararu
É parte essencial 
Da experiência de vida
Deixado na memória


   Ao final, a fala de Antônio Domingo destacou a importância da organização do povo, conhecimento das "leis do branco" no país. Nozinho fez uma fala sobre a força da nossa cultura, o respeito e proteção das tradições entre os mais velhos e as novas gerações na resistência e luta contra o preconceito e racismo. A fala de Elizângela apresenta o relato de experiência em Aroeira e COFIPPE do processo organizativo em contexto urbano, do mapeamento e diagnóstico de famílias indígenas em Petrolândia, PE, concluindo com a Fala de Codjo sobre possibilidades do apoio institucional e realização de parcerias para realização do mapeamento das famílias, destacando a importância do protagonismo e autonomia do povo e da comunidade diante das suas necessidades.

   Hoje são mais de 40 famílias Pankararu na Agrovila 06 passam a se organizar como Coletivo Caraibeiras, em homenagem à primeira escola que recebe o nome dessa árvore acolhedora da comunidade na chegada das famílias a mais de 30 anos. 


Fotos do evento





























 






Buchada na alimentação tradicional Pankararu

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